Paradigmas-Relação de
Poder-Projeto Politico-Pedagógico: Dimensões Indissociáveis do fazer educativo
Lúcia Maria Gonçalves de Resende
Segundo Rezende, a idéia de decisões
tomadas nas escolas entre os educadores deve ser de maneira democrática, para o
processo ensino aprendizagem. Alguns educadores defendem que o Projeto Político
Pedagógico deva respeitar cultura da escola, e não somente as ordens que vem
dos órgãos exteriores. Mas, infelizmente na maioria das escolas isso não passa
do papel, com a desculpa das dificuldades que as políticas externas estipulam,
porém, com o baixo índice de aprendizagem, fica evidenciado que as mudanças têm
que acontecer sim, começando de dentro das escolas. Alguns educadores acham que
está bom da maneira da escola atualmente se encontra, porém, agora outros educadores
mais comprometidos sonham com tais
mudanças.
É preciso questionar que, os discursos que
podem ser encontrados em documentos, nem sempre é o que se faz na prática, pois
as práticas pedagógicas dentro de sala de aula são práticas que os educadores
carregam ao longo de toda uma vida, muitas vezes sem atualizar-se, no ponto de
vista de Resende.
Para a autora, a discussão sobre paradigma
não é nova, no entanto, nos últimos anos tem se intensificado, correndo o risco
de se transformar mais em um modismo.
Resende diz que as relações sociais em
torno do poder transitam entre os dois pólos paradigmáticos: O conservador e o
emergente. Em uma extremidade encontram-se os educadores que consideram
conhecimento como transmissão de um saber pronto, e na outra extremidade, os
educadores que concebem o conhecimento como um processo em construção.
Além dessa dificuldade, a escola luta
contra outras mazelas, pois está inserida em uma sociedade não menos problemática.
E para que uma escola seja autônoma e de qualidade, deve fazer parte de uma
sociedade amadurecida em sua consciência social, através das lutas pelos direitos
da cidadania coletiva, relata Resende.
Segundo a autora, as propostas pedagógicas
têm na definição, em geral, por órgãos superiores, por intermédio de uma
proposta dita democrática e discutida com a participação e representação de
diferentes escolas, que na maioria das vezes são simbólicos e não têm garantido
determinadas posturas metodológicas igualmente democráticas, nas escolas.
Percebemos a escola vivendo uma das mais
graves contradições, entre” a coisificação” e o “desejo de uma vida digna”. A
partir da década de 80, o Brasil vem sofrendo influências de um movimento
internacional que está preocupado em redefinir as bases de exploração da classe
trabalhadora, porém, mesmo sobre a ótica capitalista, coloca-se a necessidade
de repensar a organização do Estado, do trabalhador e da própria escola, diz
Resende.
Do ponto de vista da autora, a escola coloca-se
como agenciadora do saber, logo o processo de aquisição desse saber, pode se
dar tanto de maneira opressiva, tendo como centro a indisciplina do aluno, suas
possíveis limitações individuais e sociais, como também centrar-se na posição
de transformadora, onde o aluno deixa de ser domesticado, para assumir o papel
de autor da sua própria história.
Resende diz que apesar de a idéia que
valoriza a transformação parecer clara e necessária, para os educadores,
torna-se uma questão bastante complexa, pois essa idéia não consegue
instalar-se com sucesso nas escolas.
Segundo a autora, o regimento escolar é o
documento básico que contém as determinações legais e as linhas norteadoras da
organização formal da escola e deve explicitar o modelo de gestão e o Projeto
Político Pedagógico nas relações sociais dele decorrentes.
Do ponto de vista de Resende, a escola é
como uma instituição que separa grupos, e ainda assim mantém um discurso que enaltece
a formação e o respeito à individualidade, transformando sua ideologia em senso
comum, percebendo a vitória do poder sobre o saber.
Um Projeto Político Pedagógico bem
elaborado não dá total garantia à escola que se transformará magicamente em uma
instituição de qualidade melhor, porém, com certeza conscientizará seus
integrantes de seu caminhar, interferindo em seus limites, aproveitando melhor
as suas potencialidades e equacionando de maneira coerente as dificuldades
identificadas. Somente dessa maneira, será possível pensar em um processo de
ensino-aprendizagem com melhor qualidade e aberto para uma sociedade em
constante mudança, segundo a autora.
Postado por: Eva Macedo